PCR lança Plano de Enfrentamento às Arboviroses e libera mosquitos estéreis

Publicado em: 20/12/19


A principal novidade é a liberação de 350 mil mosquitos estéreis no ambiente para ajudar a reduzir a reprodução do inseto

A Prefeitura do Recife lança, na manhã desta sexta-feira (20), o Plano de Enfrentamento às Arboviroses 2020, na Unidade de Saúde da Família Bernard van Leer, em Brasília Teimosa. O conjunto de ações da Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife tem o objetivo de reduzir o número de casos de arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos, como o Aedes aegypti), entre elas dengue, chikungunya e zika.

A principal novidade é a liberação dos mosquitos estéreis no ambiente, por terra e por drone, para reduzir a reprodução do inseto e, com isso, controlar a população do mosquito transmissor das arboviroses.

Reconhecida por sua eficiência na erradicação e controle de diversos insetos e pragas ao redor do mundo, a Técnica do Inseto Estéril (TIE) é pioneira no Brasil para controle do Aedes Aegypti. O método desenvolvido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) consiste em tornar o mosquito macho estéril, em laboratório, por meio da esterilização por radiação ionizante, para depois soltá-lo no meio ambiente, de forma que ele copule com as fêmeas sem gerar novos mosquitos. A Prefeitura do Recife utiliza a técnica de controle de natalidade através de uma parceria com a Biofábrica Moscamed, que é o Centro Colaborador da AIEA para o controle do Aedes aegypti, além do Ministério da Saúde.

Cerca de 350 mil mosquitos inférteis serão liberados no bairro de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, nesta primeira etapa da soltura, para depois serem soltos na Mangabeira, na Zona Norte do Recife, num segundo momento. Essas áreas foram escolhidas por critérios ambientais, epidemiológicos e entomológicos (estudo dos insetos). Nesses locais, foram instaladas Estações Disseminadoras (armadilhas para que o próprio Aedes espalhe larvicida), para reduzir a população de mosquitos antes de usar a técnica da esterilização. Em Brasília Teimosa, a redução foi de 25% de Aedes aegypti e 80% de muriçoca (Cúlex Quinquefasciatus).

O projeto do mosquito estéril foi apresentado à comunidade durante reunião com profissionais de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde e da Moscamed, quando os moradores conheceram o projeto, os objetivos e as etapas que fazem parte do protocolo – monitoramento, produção e liberação.

Os machos do Aedes aegypti que serão soltos, no Recife, foram reproduzidos na biofábrica da Moscamed, em Juazeiro (Bahia), e trazidos para receber radiação no laboratório do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No Centro de Emergência de Mosquitos Estéreis (Cemer) da Prefeitura do Recife, localizado no Centro de Vigilância Ambiental (CVA), em Peixinhos, os insetos foram marcados com pó fluorescente e passaram por testes de resistência, antes da liberação.

Esse experimento de marcação – soltura – recaptura é necessário para que os técnicos avaliem, por exemplo, quantos mosquitos devem soltar na área demarcada, qual metodologia deve ser utilizada (por terra ou drone), para saber, em seguida, qual o alcance dos mosquitos e quanto tempo eles permanecem no meio ambiente.

AÇÕES CONTINUADAS – Além da Técnica do Inseto Estéril, a Secretaria de Saúde do Recife continuará utilizando também as outras ações de controle vetorial, como as visitas domiciliares de rotina dos Agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (Asaces), as ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito), as Estações Disseminadoras de Larvicidas e as Brigadas Contra o Mosquito, que envolvem instituições públicas e privadas da cidade.

A proposta da Brigada Contra o Mosquito Aedes aegypti é que um grupo de pessoas seja capacitado para atuar numa determinada área, previamente estabelecida, na prevenção e controle do transmissor da dengue, chikungunya e zika. Os brigadistas executam as atividades da rotina estabelecida diariamente ou semanalmente, conforme o tipo de imóvel e as características do ambiente. Eles fazem autoinspeção semanal para identificar possíveis focos do vetor; instalação de ovitrampas (armadilhas) com apoio técnico da equipe de Vigilância à Saúde do Recife, entre outras tarefas.

Os Asaces da Prefeitura do Recife estão participando de uma atualização sobre as diretrizes do Programa de Saúde Ambiental e Controle de Zoonoses, com o objetivo de otimizar os processos de trabalho ofertados à população. O curso tem duração de 40 horas.

Eles também passaram a utilizar, durante as visitas às residências, o aplicativo Saúde Ambiental Digital, pelo qual registram, em tempo real, os números e outras informações das vistorias. Para isso, os profissionais receberam smartphones. No mês de outubro, o aplicativo usado pela Prefeitura do Recife para mapear focos do Aedes aegypti, informatizando o trabalho dos Asaces, foi um dos premiados no 47º Seminário Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação para Gestão Pública, em Brasília.

Somente de janeiro a setembro de 2019, os Asaces da Prefeitura do Recife visitaram mais de 1,5 milhão de imóveis e quase 16 mil pontos estratégicos de monitoramento. A Sesau ainda realizou mais de mil ações educativas e recolheu mais de 31 mil pneus em desuso que poderiam servir de criadouros para as larvas do mosquito.

Desde novembro de 2017, foram implantadas mais de 131 brigadas, com mais de 853 brigadistas treinados com o objetivo de engajar a sociedade civil no combate aos focos do Aedes aegypti. Neste período, as equipes de Vigilância Ambiental instalaram mais de três mil ovitrampas em cerca de 50 bairros da cidade, em lugares como o edifício-sede da Prefeitura, colégios, nos dois Centros Comunitários da Paz (Compaz), em clubes como o Náutico, entre outras instituições. 
Confiraalgumas orientações da Prefeitura do Recife para prevenir focos do mosquito Aedes aegypti:

· Manter caixas d’água, tonéis e tanques sempre bem tampados;

· Deixar garrafas vazias e com a boca para baixo;

· Guardar pneus em local coberto;

· Retirar a água da bandeja externa da geladeira pelo menos uma vez por semana e lavar com sabão;

· Encher os pratinhos dos vasos de plantas com areia até a borda;

· Colocar o lixo em sacos plásticos e manter as lixeiras bem fechadas;

· Não jogar lixo em terrenos baldios;

· Remover folha e tudo que possa impedir a passagem de água pelas calhas;

· Verificar se todos os ralos da casa não estão entupidos e limpar uma vez por semana;

· Não deixar água da chuva acumulada sobre a laje.

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OUTRAS INFORMAÇÕES PRA NOTA TÉCNICA:

– O último Levantamento Rápido do Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa) apresentou resultado geral no Recife de 1,2% (risco médio). Este índice está entre os menores da série histórica da última década. Um total de 53 bairros (56% dos bairros da cidade) encontra-se sob controle para o Aedes aegypti, com resultado abaixo de 1%. 

– Este ano, foram notificados 7.002 casos de arboviroses, sendo 5.790 casos de dengue, 1.032 de chikungunya e 180 de zika. Dentre estas notificações, foram confirmados 3.119 casos de dengue e 406 de chikungunya. Em comparação ao mesmo período de 2018, houve um aumento de 118% dos casos notificados e de 140% dos casos confirmados.

relacionadas ao controle do mosquito Aedes aegypti, vetor responsável pela transmissão dos vírus da dengue, chikungunya, zika.


– A Biofábrica Moscamed Brasil – Moscamed, com sede em Juazeiro (BA) é uma organização social sem fins lucrativos, reconhecida internacionalmente como Centro Colaborador da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para o controle do mosquito Aedes aegypti.


– A Secretaria de Saúde do Recife é referência nacional no combate às arboviroses. Em 2016, na época da tríplice epidemia, durante visita à capital pernambucana, representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceram o Recife como referência mundial nas ações de enfrentamento às arboviroses. A Prefeitura do Recife vem, continuamente, desenvolvendo ações.


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